Post-Digital
MACS – Museum of Contemporary Art Sorocaba / Av. Dr. Afonso Vergueiro, 280 – Centro, Sorocaba – SP, Brazil
2 Apr. > 19 Jun. 2022 / Curator : Franck James Marlot
Nosso tempo está inevitavelmente associado à velocidade. Velocidade de fluxos de informações e multiplicação de imagens, que a ferramenta digital associada à inteligência artificial amplificou desde a última década. Originalmente uma ferramenta de conhecimento, a Internet e seus navegadores dotados do dom da onipresença são hoje bases de propaganda a serviço de uma economia e de pensamentos globalizados. Informações se misturam com fake news, o sublime, o lixo das imagens, associado a algoritmos, que rastreiam o internauta por um controle orwelliano do indivíduo. Essas reviravoltas na temporalidade e o envolvimento de nossa sociedade no todo-digital e no futuro Meta-Verso não escaparam aos artistas contemporâneos. Pascal Dombis é certamente um dos artistas plásticos franceses que, desde meados da década de 1990, compreendeu melhor a importância dessas mutações pós-digitais.
Ele soube desenvolver um trabalho multifacetado e crítico que investe a noção universal de tempo pelo uso fluxos digitais como matéria-prima de seu trabalho. No início dos anos 90, Pascal Dombis, terminando seus estudos em Boston, descobriu as possibilidades oferecidas pela ferramentas informáticas para a criação artística. De volta à França, deixou de praticar pintura e começa a explorar os algoritmos. Ele participa do primeiro grupo de artistas fractalistas, mas se afasta dele para ceder aos seus desejos de experimentar também com a matéria. Desde então, o artista tem usado repetições excessivas para criar formas geométricas ou tipográficas através de murais digitais, obras lenticulares e videoinstalações. Partindo de uma forma visual simples, Dombis desenvolve seus trabalhos usando algoritmos para gerar proliferação extrema dando origem a efeitos que são complexos e inesperado. Para a primeira apresentação individual de Pascal Dombis no Brasil, o Museu de Arte Contemporâneade Sorocaba reuniu um grande conjunto de obras produzidas nos últimos vinte anos. Dentro dessa viagem única, alguns grandes formatos de obras apresentadas prometem uma experiência imersiva ao visitante.
Entre os assuntos preferidos de Pascal Dombis, está o da linha de fluxo estendida ao infinito presente nas obras Geometria Irracional; as mais antigas da exposição. “Estendi esta linha em todas as direções, e explorei muitas possibilidades e variações… Permitiu-me compreender muitas coisas. Porque uma linha não é apenas uma linha. É uma história e tanto. É até talvez a história da humanidade”, especifica o artista. Desde então, instalou obras permanentes participando desse processo nas cidades de Perth, Estrasburgo e Xangai. E também pudemos ver esse trabalho no Brasil em 2008 onde Pascal Dombis confrontou a arquitetura do prédio do Instituto Itaú Cultural de São Paulo cobrindo a fachada com mais de um milhão de linhas-curvas de cor que brincavam com a distância relativa do espectador do centro de arte.
Desde os anos 2000, Dombis usa impressão lenticular em suas criações, dando a ilusão de um movimento de fluxos ininterruptos de informação. Além disso, propício para uma aceleração de acidentes visuais, a lenticular filtra imagens e textos através da luz em uma camada inesperada que dá profundidade visual ao trabalho. Por meio desse artifício de realidade aumentada, ele estimula o espectador a se mover na frente da obra para questionar os pontos de vista possíveis e convocam o acaso e a imprecisão nessa experiência sensorial. Mesmo que ele se proíba de assumir as receitas da Op Art, encontramos essa instabilidade visual pelos efeitos óticos desenvolvidos nas obras dos artistas do Grupo de Pesquisa em Arte Visual (Paris 1960/1968). Mas onde o G.R.A.V destila uma crítica social, Pascal Dombis questiona a própria natureza da imagens e como encará-las diante de sua proliferação descontrolada.
Em referência aos Cut-Ups do escritor William S. Burroughs da Geração Beat que também conta com a chance de estabelecer uma relação visual com a linguagem cortando partes de um texto linear para produzir um outro texto, Pascal Dombis deixa ao programa algorítmico a produção das imagens e textos de maneira generativa. Aparece uma metalinguagem semelhante a uma linguagem oculta como a da Dark Web cujas chaves seriam doravante acessíveis a qualquer espectador da obra de Dombis. Esta ilusão se sustenta por pouco tempo, a informação que detectamos em suas obras já está obsoleta ao lê-las. O trabalho de Burroughs insufla uma energia desencantada no mundo que Dombis nos oferece. Um mundo sem escapatória onde o controle da máquina sobre o indivíduo parece uma batalha vencida.
Também inspirado num poema Cut-Up de W S. Burroughs, Pascal Dombis desenvolve uma série na qual as palavras certo e errado soam como um scat vocal de Jazz. As duas palavras são como Ying e Yang, opostas e complementares. O artista acrescenta: “Essa oposição binária me interessa porque se torna falsa pela mistura visual: pelo fato de que o certo se torna errado, ou que tudo está certo, tudo está errado e ao mesmo tempo nada nunca esteve certo e nada está realmente errado ”. Na exposição, uma grande obra lenticular de 220X220 cm de 2011 e um menor de 2015 jogam com seu brilho e a tautologia de seu título homônimo.
O artista se esforça para dissecar as engrenagens desse vasto empreendimento de controle e inevitavelmente se volta para um de seus gigantes. O questionamento do buscador Google em seu próprio nome google raciocina como um abismo da imagem de uma empresa que concentra dúvidas em relação a um futuro digital globalizado. A máquina é solicitada a fazer sua autocrítica plástica. Assim, milhares de imagens são coletadas expressando seu vazio antes mesmo de serem impressas. META Google é uma experiência de vida após a morte, entre a vida e a morte. Dombis nos lembra que o homem não está mais no centro desses mecanismos de produção. A impressão da lenticular posicionada sobre um fundo de metal preto acentua a profundidade da composição, dificultando a leitura do acervo de imagens digitais. Os aforismos de Burroughs que se destacam recortados no primeiro plano dessas Sugestões “iconoclásticas” quase monocromáticas são Palavras…, No Começo da História…(2017) refere-se às quatro obras da mesma série apresentadas de forma magistral em 2017 no Itaú Cultural.
As peças da série “Post Digital Mirrors” (Pós Espelhos Digitais) são certamente as mais sedutoras das obras criadas por Pascal Dombis. Sendo um paradigma da reflexão, sua existência se deve a muitas incidências computacionais relacionadas ao programa fractal que as compõe. Folhear excessivamente as imagens acaba gerando trabalhos monocromáticos. A ilusão do reflexo é muito real e as cores elétricas que podem adornar o trabalho aumentam o efeito mutável desses espelhos pós-digitais. Sem o movimento do espectador, a obra lenticular é inerte. Através desta série, Dombis aponta o vazio da imagem que desaparece em favor de um jogo de dependência entre a obra de arte e o espectador.
A monocromia das obras da série Post Digital Surface é visualmente indiscutível. No entanto, não é uma cor única, mas o resultado da repetição excessiva de três cores. Assim, os monocromos azuis são compostos de branco, preto e azul, o que dará uma gama incontrolável de cores que, por sua vez, produzem formas azuis inesperadas. Este resultado acidental é possível por uma reação à cintilação, ao piscar. O artista e poeta Brion Gysin, amigo de Burroughs, experimentou e compartilhou com a Dream Machine essa experiência sensorial de cintilação, empurrando para trás os limites da incidência óptica para gerar surpresa com o objetivo de desestabilizar o espectador em sua percepção do ‘espaço- tempo’.
Livres de lenticulares, as obras Crack Into The Future…, Present Will Be…, Hot Dark Future…, datadas de 2018, diferem do restante da exposição por serem compostas por painéis de vidro multicamadas. Quebrando o vidro intermediário para mostrar uma superfície rachada, Pascal Dombis combina texto e imagem da busca do Google: crack, metáfora plástica para as mazelas da nossa sociedade. Essa cristalização acidental do vidro, material atemporal e transparente, que geralmente protege contra agressões externas, torna quase impossível para o espectador ler a obra em um jogo visível/invisível reivindicado pelo artista.
A instalação interativa A GERAÇÃO INVISÍVEL apresentada na primeira sala da exposição é certamente uma das peças mais emblemáticas da obra de Pascal Dombis. Apresentada várias vezes de Toowoomba na Austrália, 2014 a Paris no ano de 2022 e no Centro Cultural Canadense, a peça reativada especialmente para a exposição em Sorocaba, integra mais de 30.000 imagens coletadas da busca no Google pela palavra-chave Invisible. O texto recortado em português de Burroughs se entrelaça com o fluxo de imagens sem hierarquia para criar uma narrativa ininterrupta que gruda na parede como pele. Ao aplicar uma folha de lenticular, como um revelador de imagens, à superfície texturizada e pictórica da grade de informações, o espectador anima a obra para descobrir o invisível indizível. Por meio desse desenvolvimento fotográfico lúdico, o visitante se apropria, de forma fragmentada na escala de seu corpo, de uma coleção inútil de dados fadados ao esquecimento.
Denunciante, o artista na cidade questiona as mudanças estruturais que acompanham a sociedade. Nosso futuro, como a memória do nosso passado, depende disso. Iniciado por um simples postulado algorítmico ou por uma consulta em loop em um mecanismo de busca como processo criativo, o trabalho de Pascal Dombis é uma busca incessante. Desenvolve um trabalho atravessado pela noção de tempo, de todos os tempos. Tempo que se estende como uma curva infinita, tempo que acelera em sintonia com a máquina de calcular, tempo elástico que desafia a física e se expande para ocupar o espaço quadridimensional. A exposição Pós-Digital é uma proposta a partir das experiências de Pascal Dombis através da qual capta os sinais de uma falência por vir esmiuçando a proliferação excessiva de sequências que transpõe para as suas colagens digitais para lhes dar uma densidade estrutural abissal, um eco de sua própria perdição.
Franck James Marlot
Notre époque est immanquablement associée à la vitesse. Vitesse du débit des flux d’informations et de la démultiplication des images, que l’outil numérique associé à l’intelligence artificielle ont amplifiées depuis la dernière décennie. A l’origine, outil de connaissance, internet et ses navigateurs dotés du don d’ubiquité sont aujourd’hui des bases de propagande au service d’une économie et d’une pensée globalisées. L’information y côtoie les fake news, le sublime, le trash des images, associés à des algorithmes profiler, qui traquent l’internaute pour un contrôle orwellien de l’individu. Ces bouleversements de temporalité et l’implication de notre société au tout numérique et au futur Méta-Verse n’ont pas échappé aux artistes contemporains. Pascal Dombis est certainement l’un des plasticiens français qui, depuis le milieu des années 90’, a le mieux perçu l’importance de ces mutations post-digitales. Il a su développer une œuvre protéiforme et critique qui investit la notion universelle du temps par l’utilisation des flux numériques comme matière première de son travail. Au début des années 90’, Pascal Dombis terminant ses études à Boston, découvre les possibilités qu’offrent les outils informatiques pour la création artistique. A son retour en France, il passe de la pratique de la peinture à celle des algorithmes. Il participe du premier groupe d’artistes fractalistes mais s’en détache pour accéder à ses désirs d’expérimenter aussi la matière. Depuis, l’artiste utilise les répétitions excessives pour créer des formes géométriques ou typographiques à travers des fresques numériques murales, des œuvres lenticulaires et des installations vidéo. À partir d’une forme visuelle simple, Dombis développe ses œuvres en utilisant les algorithmes pour engendrer une prolifération extrême donnant lieu à des effets à la fois complexes et inattendus. Pour la première présentation monographique de Pascal Dombis au Brésil, le Museum of Contemporary Art de Sorocaba a rassemblé un large corpus d’œuvres réalisées ces vingt dernières années. Au sein de ce parcours singulier quelques grands formats d’œuvres présentées promettent une expérience immersive au visiteur.
Parmi les motifs favoris de Pascal Dombis se trouve celui de la ligne flux étirée à l’infini présent dans les œuvres Irrational Geometrics ; œuvres les plus anciennes de l’exposition. “Cette ligne, je l’ai étirée dans tous les sens, et j’en ai exploité de nombreuses possibilités et variations… Elle m’a permis de comprendre beaucoup de choses. Car une ligne, ce n’est pas qu’une ligne. C’est toute une histoire. C’est même peut-être l’histoire de l’humanité”, précise l’artiste. Depuis il a installé des œuvres pérennes participant de ce processus dans les villes de Perth, Strasbourg et Shanghai. Et on a pu voir aussi ce travail au Brésil en 2008 où Pascal Dombis s’est confronté à l’architecture du bâtiment de l’Instituto Itau Cultural de São Paulo en couvrant la façade de plus d’un million de lignes-courbes de couleur qui jouent avec la relative distance du spectateur au centre d’art.
Depuis les années 2000, Dombis utilise le lenticulaire qui imprime ses compositions donnant l’illusion d’un mouvement des flux ininterrompus d’informations. Aussi, propice à une accélération d’accidents visuels, le lenticulaire filtre par la lumière les images et textes en un feuilletage inattendu qui donne une profondeur visuelle à l’œuvre. Par cet artifice de réalité augmentée, il incite le spectateur au déplacement face à l’œuvre pour interroger les possibles points de vue et convoquer le hasard et le flou dans cette expérience sensorielle. Même s’Il se défend de reprendre à son compte les recettes de l’Op Art, on retrouve cette instabilité visuelle par les effets optiques développés dans les travaux des artistes du Groupe de Recherche d’Art Visuel (Paris 1960/1968). Mais là où le G.R.A.V distille en creux une critique sociale, Pascal Dombis interroge la nature même des images et la manière de les regarder face à leur prolifération incontrôlée.
En référence aux Cut-Up de l’écrivain William S. Burroughs de la Beat Generation qui s’en remet lui aussi au hasard pour établir un rapport visuel au langage en coupant des parties d’un texte linéaire pour produire un autre texte, Pascal Dombis laisse au programme algorithmique la production des images et des textes de manière générative. Apparaît un méta-langage qui s’apparente à un langage caché comme celui du Dark web dont les clés seraient désormais accessibles à tout spectateur de l’œuvre de Dombis. Cette illusion ne tient qu’un court temps, les informations que nous détectons dans ses œuvres sont déjà obsolètes à leur lecture. L’œuvre de Burroughs insuffle une énergie désenchantée au monde que nous propose Dombis. Un monde sans échappatoire où le contrôle de la machine sur l’individu semble un combat gagné.
Aussi inspirée par un poème Cut-Up de W S. Burroughs, Pascal Dombis développe une série où les mots right et wrong sonnent comme un scat de Jazz vocal. Les deux mots sont comme le Ying et le Yang, opposés et complémentaires. L’artiste ajoute “Cette opposition binaire m’intéresse car elle devient fausse par le mélange visuel : par le fait que Right devienne Wrong, ou que tout est Right, tout est Wrong et en même temps rien n’a jamais été Right et rien n’est vraiment Wrong”. Dans l’exposition, une grande œuvre lenticulaire de 220X220 cm de 2011 et une plus petite de 2015 jouent de leur brillance et de la tautologie de leur titre éponyme.
L’artiste s’attache à disséquer les rouages de cette vaste entreprise de contrôle et immanquablement se tourne vers l’un de ses géants. Le questionnement du moteur de recherche Google sur son propre nom google raisonne comme une mise en abîme de l’image d’une entreprise qui concentre les doutes envers un futur numérique globalisé. La machine est priée de faire son autocritique plastique. Ainsi des milliers d’images sont collectées exprimant leur vacuité avant même leur impression. META Google est une expérience de l’après, entre la vie et de la mort. Dombis nous rappelle que l’homme n’est plus au centre de ces mécanismes de production. L’impression du lenticulaire positionné sur un fond métal noir accentue la profondeur de la composition rendant peu aisée la lecture de la collecte des images numériques. Les aphorismes de Burroughs qui se détache en découpe au premier plan de ces presque monochrome “iconoclaste” Suggestions are Words…, In the Beginning of History…(2017) font référence aux quatre œuvres de la même série présentées de façon magistrale en 2017 à Itau Cultural.
Les pièces de la série Post Digital Mirrors sont certainement les plus séduisantes des œuvres créées par Pascal Dombis. Paradigme du reflet, leur existence est due à de nombreuses incidences informatiques liées au programme fractal qui les composent. Le feuilletage d’images poussées à l’excès finissent par générer des œuvres monochromes. L’illusion du reflet est lui bien réelle et les couleurs électriques qui peuvent parer l’œuvre viennent augmenter l’effet de moiré et changeant de ces miroirs post digitaux. Sans le mouvement du spectateur, l’œuvre au lenticulaire est inerte. Par cette série, Dombis pointe du doigt la vacuité de l’image qui disparaît au profit d’un jeu de dépendance entre l’œuvre d’art et le spectateur.
La monochromie des œuvres de la série Post Digital Surface est visuellement indiscutable. Cependant, il ne s’agit pas d’une seule couleur mais le résultat de la répétition excessive de trois couleurs. Ainsi les monochromes bleus se composent de, blanc noir et bleu qui vont donner une gamme incontrôlable de couleurs qui à leur tour, produisent des formes inattendues bleues. Cette résultante accidentelle est possible par une réaction au flicker, au clignotement. L’artiste et poète Brion Gysin, ami de Burroughs, a expérimenté et partagé avec la Dream Machine cette expérience sensorielle du flicker en repoussant les limites de l’incidence optique pour générer la surprise dans le but de déstabiliser le spectateur dans sa perception de l’espace temps.
Affranchies du lenticulaire, les œuvres, Crack Into The Future…, Present Will Be…, Hot Dark Future…,datées de 2018 se différencient de l’ensemble de l’exposition car elles sont constituées de panneaux de verre multicouche. Brisant le verre intermédiaire pour donner à voir une surface fissurée, Pascal Dombis combine texte et image à partir de la recherche Google : crack, métaphore plastique des maux de notre société. Cette cristallisation accidentelle du verre, un matériau atemporel et transparent, qui protège habituellement des agressions extérieures, rend presque impossible la lecture de l’œuvre par le spectateur dans un jeu visible/invisible revendiqué par l’artiste.
L’installation interactive, A GERAÇÃO INVISÍVEL présentée dans la première salle de l’exposition est certainement une des pièces les plus iconique dans l’œuvre de Pascal Dombis. Présentée à de multiples reprises de Toowoomba en Australie, 2014 à Paris en 2022 au Centre Culturel Canadien, la pièce réactivée spécialement pour l’exposition à Sorocaba, intègre plus de 30 000 images collectées à partir de la recherche Google du mot clé Invisible. Le texte Cut-Up en portugais de Burroughs s’entremêle au flux d’images sans hiérarchie pour créer un récit ininterrompu qui colle au mur comme une peau. En appliquant une feuille de lenticulaire, comme un révélateur de l’image, sur la surface texturée et picturale de la grille d’informations, le spectateur anime l’œuvre pour en découvrir l’indicible invisible. Par cette mise au point photographique ludique le visiteur s’approprie, de façon parcellaire à l’échelle de son corps, une collection vaine de données vouées à la l’oubli.
Lanceur d’alerte, l’artiste dans la cité interroge les changements structuraux qui accompagnent la société.
Notre futur comme la mémoire de notre passé en dépendent. Initiée par un postulat algorithmique simple ou bien par une requête en boucle dans un moteur de recherche comme processus créatif, l’œuvre de Pascal Dombis est une quête incessante. Il élabore une œuvre traversée par la notion du temps, de tous les temps. Le temps qui s’étire comme une courbe infinie, le temps qui s’accélère en phase avec la machine qui calcule, le temps élastique qui défie la physique et se dilate pour occuper l’espace de la quatrième dimension. L’exposition Post-Digital est une proposition des expérimentations de Pascal Dombis par lesquelles il capte les signes d’une faillite à venir en scrutant la prolifération excessive de séquences qu’il transpose dans ses collages numériques pour leur donner par une densité structurale abyssale, un écho à leur propre perdition.
Franck James Marlot